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sábado, 11 de fevereiro de 2012

DECRETO QUE REGULAMENTA REPOSIÇÃO FLORESTAL, INCENTIVA MAIS DESMATAMENTO EM MINAS.


  



Norma a ser assinada pelo Governador, permite substituir vegetação nativa por eucalipto.

A proposta de decreto apresentada pelo IEF, na reunião da Câmara de Atividades Agrosilvopastoris do Copam  realizada ontem, 07 de fevereiro, deixou os ambientalistas de "cabelo em pé".  O decreto, no art. 1.o, parágrafo 2.o, item II, permite substituição de vegetação nativa por florestas homogêneas. A primeira proposta previa proibição de substituir uma pela outra, mas, provavelmente por pressão da FIEMG e de instituições que representam as empresas de reflorestamento, o governo aceitou mudar. Na reunião, somente a FETAEMG discordou do artigo, que no entanto foi aprovado pelos demais membros, incluindo as secretarias de governo presentes.

Em ofício enviado ao Governador, a Frente Ambientalista Mineira, solicita que o artigo seja mudado. Para as entidades, ao mesmo tempo que o governo acena com construção e implantação de Plano de Proteção da Biodiversidade, propõe legalizar ainda mais o desmatamento no Estado, justamente nas áreas consideradas prioritárias para proteção da mesma, já que mais de 90% dos novos plantios estão acontecendo e querem acontecer nas regiões Norte  Noroeste, onde restam ainda grandes extensões de Cerrado, uma pequena área, mas ainda muito rica, de Mata Seca e até alguns encraves de Mata Atlântica. O artigo que permite a substituição, tem a curiosa redação de dizer que as empresas podem desmatar, desde que respeitem RL e APPS!

No ofício, a Frente ressalta que as entidades não são contra plantio de florestas de produção e outras culturas, mas consideram incoerente e despropositado que o governo publique um decreto que estimule ou autorize desmatamento para expansão de cultivos (seja qual for).Para elas, independente do que dizem as estatísticas oficiais sobre a cobertura vegetal remanescente, a realidade é que o Estado possui extensa área antropizada e subutilizada/abandonada, que permite expansão de cultivos sem necessidade de novas supressões;

Dalce Ricas, superintendente da Amda, que faz parte da Frente, ressalta que as entidades não são contrárias ao plantio de florestas de produção e de outras culturas, mas entendem que se o governo pretende proteger a biodiversidade, o desmatamento tem que parar. De março a novembro, somente através das Copas, foi autorizada supressão de 22.000 ha de vegetação nativa nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Essa área não inclui desmatamentos oriundos de processos licenciados e clandestinos.

A Frente esclarece ainda, que a reposição florestal foi criada exatamente para exigir, dos consumidores de carvão e lenha de origem nativa, compensação pela supressão causada. Não para incentivar novas supressões. "Admitir supressão de vegetação nativa para cumpri-la, é como permitir utilizar o recurso arrecadado de uma infração, para que a mesma infração volte a ser praticada", afirma Dalce.  Para as entidades, se o disposto na proposta de decreto prevalecer, será criado um circulo vicioso entre “arrecadação pelo fato de determinado consumo ter causado desmatamentos e utilização da arrecadação para permitir novos desmatamentos”.  

 Fonte:Fundação Relictos.





















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